O confinamento de gado é um sistema rentável em muitas situações, como em períodos de seca quando o pasto é escasso ou para reduzir o tempo de engorda dos animais e assim aumentar a margem de lucro.
Para ter um confinamento bem-sucedido, no entanto, é preciso tomar alguns cuidados em relação ao manejo dos animais, estrutura e cuidados sanitários, além de uma alimentação equilibrada que forneça os nutrientes necessários para cada fase do desenvolvimento. A seguir, conheça os principais pontos para tornar o sistema mais eficiente.
O que é o sistema de confinamento de gado?
O confinamento de gado é uma estratégia de criação de bovinos de corte cujo objetivo é acelerar o ganho de peso dos animais. Nele, os bois são divididos em lotes conforme a idade e peso, e ficam em currais ou piquetes, onde recebem a alimentação e água, ou seja, não ficam livres pelo pasto como em outros métodos.
Essa é uma alternativa para manter a produção pecuária mesmo nos períodos de estiagem, quando a pastagem não é suficiente para alimentar os animais. Porém, alguns produtores optam por manter o confinamento mesmo nas demais.
Benefícios do confinamento
Um dos principais benefícios em manter o gado confinado é o ganho de peso mais rápido. Isso ocorre porque os animais não têm a necessidade de se locomover em busca de um pasto farto, e recebem toda a alimentação, suplementação e água nos cochos. Por exemplo, na criação a pasto, um animal engorda, em média, 0,5 kg por dia, enquanto no confinamento é possível chegar a até 1,5 kg por dia.
O sistema ocupa menos espaço, o que permite utilizar as demais áreas para outras culturas, inclusive produzindo insumos que servem para a alimentação dos animais, otimizando os recursos na propriedade.
Com o menor tempo de produção, o pecuarista consegue ter um retorno mais rápido, o que pode compensar o investimento inicial e os custos da operação.
Quais os passos para implementar o confinamento?
Para o confinamento ser eficiente, é importante escolher um espaço adequado e analisar as alterações necessárias para a estrutura, bem como, a quantidade de animais que comporta, para garantir o bem-estar e desenvolvimento dentro do esperado.
Escolha da localização
Nessa etapa, é essencial fazer uma análise da propriedade para identificar locais com as condições ideais, dentre elas:
- Área em m² compatível com o número de animais;
- Terreno sem muitos aclives ou declives, para evitar lesões e não dificultar o acesso ao alimento;
- Proximidade com fontes de água para facilitar o abastecimento;
- No caso de espaços abertos, a disponibilidade de árvores para sombra durante o dia.
Estrutura necessária
Para o planejamento também é preciso considerar os custos envolvidos, que vão depender do tipo de instalação escolhida. Algumas opções incluem:
- Galpão fechado: tem como principal vantagem manter os animais protegidos da chuva e sol, mas requer maior investimento para construção.
- Confinamento a céu aberto: essa opção tem menor custo, uma vez que é feito um cercado para divisão dos bois, sendo necessária a instalação dos comedouros, cocho para sal e bebedouro. Pode comportar um número maior de animais, desde que observado um espaço entre 8 e 20 metros quadrados por animal;
- Confinamento parcialmente coberto: como o nome sugere, nesse caso os animais ficam em um curral a céu aberto, mas há um espaço com cobertura, geralmente próximo aos cochos, que serve tanto para proteção do rebanho como para evitar umedecer os alimentos.
Diretrizes para o espaço por animal
Para garantir o conforto e bem-estar animal, é importante garantir um espaço adequado, em torno de 15 m² para cada um, para evitar o estresse e conflitos no confinamento. O número de animais também deve ser limitado até 120 cabeças por lote, o que inclusive facilita o acompanhamento e manejo.
Como é a alimentação dos animais em confinamento?
A alimentação dos animais no confinamento é composta, basicamente, de volumoso e concentrado, que pode ser proteico ou energético. O volumoso oferece maior teor de fibra bruta, sendo as opções mais comuns:
- Silagem de milho;
- Silagem de cana-de-açúcar;
- Cana-de-açúcar fresca picada;
- Silagem de capim.
Já o concentrado pode ser proteico ou energético, a depender da concentração de proteína presente, como os derivados da soja e milho, por exemplo. Para definir qual utilizar e a proporção oferecida, é importante contar com auxílio técnico especializado para avaliar as necessidades conforme a idade, constituição do animal e condições ambientais.
Quando é necessária a suplementação?
Inserir a suplementação para os bovinos em confinamento é indicada quando a alimentação regular não consegue suprir as necessidades de nutrientes, bem como, para aumentar a produtividade, ganho de peso e melhoria da qualidade da carne. Isso também previne a perda de peso que pode ocorrer no período da seca, quando há uma redução dos nutrientes das plantas.
Quais os cuidados com a saúde e bem-estar dos animais em confinamento?
Além da alimentação, os cuidados sanitários com o rebanho são imprescindíveis para a produtividade. Um dos principais pontos é seguir o calendário vacinal, com a imunização contra doenças como a febre aftosa, por exemplo, que é obrigatória independentemente do sistema de criação.
No confinamento, é importante monitorar constantemente os animais, pois com a proximidade maior há o risco de proliferação de doenças e microrganismos. Por isso, vale a pena estabelecer uma rotina de checagem veterinária, assim como capacitar os colaboradores para identificar sintomas como apatia, mudanças de comportamento e apetite que podem ser indicativos preocupantes.
O manejo sanitário é outro ponto importante, que inclui a limpeza regular de resíduos, para evitar a proliferação de microrganismos, além de remover a poeira para não haver problemas respiratórios.
O confinamento é uma boa estratégia para redução de custos?
Optar pelo confinamento pode ser uma estratégia rentável, se houver um bom planejamento. Para isso, deve-se considerar os custos envolvidos, com modificação de estrutura, compra de insumos e a logística e mão de obra necessária.
Nesse contexto, é preciso considerar o retorno financeiro com o ganho em produtividade, em contrapartida com o investimento. Além disso, é possível adotar medidas que podem reduzir os custos na produção, tais como:
- Compra antecipada de insumos, aproveitando momentos de baixa nos preços, caso haja um espaço para armazenamento;
- Aproveitamento da propriedade para produção de parte da alimentação;
- Utilização dos resíduos para fertilizantes ou biogás, o que ainda reduz o impacto ambiental.
Vale lembrar ainda que o confinamento pode ser utilizado em períodos estratégicos, como na época de seca, quando o pasto não é suficiente para a alimentação dos animais, para evitar a queda na produtividade.